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quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Atenção não significa acção

"A PJ está muito atenta à corrupção no futebol"

Alípio Ribeiro, director nacional da Polícia Judiciária, Diário Económico, 20-12-2006

Claro que não compete à PJ o julgamento dos presumíveis corruptos. Compete-lhe estar atenta, investigar, reunir provas, coadjuvar o Ministério Público na acusação. Coisa que, aqui e ali, a PJ tem feito. Os senhores da bola são levados à presença do juíz, são interrogados, são constituídos arguidos e ficam a aguardar julgamento em liberdade. Depois, os senhores da bola contratam advogados milagrosos, depois as contas bancárias dos juízes não são fiscalizadas por ninguém e o Código do Processo Penal parece feito para dificultar a acusação e facilitar a defesa. E depois, antes dos julgamentos, que demoram uma eternidade a ser iniciados, há arguidos que deixam de ser arguidos; o Estado diz desculpe senhor ex-arguido, precipitámo-nos e afinal não há provas, afinal os indícios insustentáveis, afinal uma discrepância analítica entre o que a magistrada escreveu e o juíz leu, afinal um equívoco jurídico, com tantos processos a gente engana-se, confunde-se, afinal houve fumo mas não há fogo, se quiser peça indemnização que o Ministério das Finanças paga-lhe uma viagem de consolação à Gronelândia para ver baleias e ursos polares e esquecer estas chatices, e mande-nos um postal simpático enquanto passamos a borracha pelo seu registo criminal que vai ficar imaculado outra vez, porque o senhor corrupto nem pensar que ideia disparatada.