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domingo, 5 de agosto de 2007

Baratas

Eu sou quase inofensivo: evito pisar formigas, aborrece-me esmagar caracóis, recuso pescarias e caçadas, os cães derretem-se comigo, as vaquinhas encantam-me, e as meninas que se cansam de mim não me ouvem insultos. Mas as baratas são um caso especial. Os vermes usam-se em tratamentos médicos, mas as baratas são simplesmente imprestáveis e nojentas. Elimináveis. Por isso, conseguem despertar-me o impulso homicida. Eu a ser arrastado pelo meu intratável cão que nunca se recusa a ir à rua e as sacanas a passearem-se no passeio. Como um menino prevenido vale por dois, para evitar que me entrem em casa, me invadam o quarto, horrorizem mãe e visitas, peguei numa cana e esmaguei duas. Humano, demasiado humano: qualquer pessoa razoável, imune a fanatismos budistas, faria o mesmo, tanto mais que a moralizante Quercus nunca convocou os jornalistas para opinar sobre as baratas urbanas.