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sábado, 9 de dezembro de 2006

A televisão

Como é meu hábito, após ligar esta máquina fabulosa que se chama computador, espreito imediatamente a página Web do Público, o melhor jornal português. Em letras quase gordas leio que a "aluna premiada pelas notas no secundário não vê televisão".
A notícia não surpreende mas merece destaque: nunca é demais lembrar que a televisão pode trazer notáveis benefícios profissionais, emocionais e mentais a quem a ignora; e pode prejudicar seriamente a saúde mental e as relações familiares ou conjugais de quem passa muitas horas em frente a ela.
Aproveitando a necessidade de repouso e o natural apetite de "não fazer nada", a televisão tornou-se o grande companheiro doméstico do cidadão português: uma pessoa acaba de jantar, vive sozinha ou vivendo acompanhada não está com paciência para ouvir e para falar, e decide deitar-se no sofá, querido sofá, e opta por ligar a televisão. O cansaço de sete horas de trabalho, o tédio ou a falsa ausência de alternativas convidam à passividade. Como somos animais de hábitos, este hábito quotidiano repete-se até à exaustão. Ou seja, uma pessoa pode, quase por inércia, quase por reacção pavloviana, assistir a duas, três, quatro horas de programas televisivos diários até que Deus a chame.
Como já fui assíduo espectador de programas televisivos sei que o hábito da televisão foi para mim uma colossal estupidez e um irrecuperável desperdício. Algumas centenas de horas que poderiam ter tido outro proveito, foram consumidas a ver programas que não me deram prazer nem utilidade. Vi-os por ver. Vi-os porque não tinha sono, porque resisti a telefonar aos amigos, porque estava com a massa cinzenta entorpecida ou desorientada.
A isto chamo esbanjar a vida, perder a vida. A quem sinta o mesmo, eu sugiro que tente uma reflexão, vença a preguiça, reúna um pouco de firmeza e mande as malvas a televisão que envevena, a obtusa televisão que se auto-glorifica a toda a hora e que se faz passar por indispensável. Há excelentes televisões estrangeiras - como a BBC, o ARTE, o Muzzik, e outras - que devem ser aproveitadas. Mas nenhuma televisão é decisiva para conseguirmos uma vida com qualidade: uma vida que nos agrada, nos motiva e não nos envergonha. Como disse, ao vencer o vício da heroína, o principal personagem do inesquecível Trainspotting, i chose life!