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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Dalai Lama

O Dalai-Lama, líder espiritual do povo tibetano, esteve em Portugal. Distribuiu sorrisos de simpatia, pregou a serenidade interior, o altruísmo e o desprendimento material em conferências, reclamou autonomia para o seu Tibete ocupado pela China, confraternizou com autoridades religiosas, exercitou a paciência na visita à Assembleia da República. O Governo, por "razões óbvias" não teve a delicadeza de convidar o Dalai-Lama para um ameno chá. Para alguns jornalistas muito mais opinativos que este blogue, as razões eram o respeitinho subserviente às autoridades de Pequim, a preferência em agradar à China, em detrimento do apreço a um prémio nobel da Paz e da imperativa valorização dos direitos humanos. Os jornalistas julgaram que o raciocínio do ministro Luís Amado tinha sido mais ou menos este: recebemos o homem e os chineses pedem acrimoniosas explicações, desistem daquele rentável acordo comercial que demorámos meses a negociar, e, para cúmulo, esquecem-se de nos convidar para a abertura dos jogos olímpicos.
Isto é lógico, mas também me parece superficial. Para mim, o ministro Amado não recebeu o Dalai-Lama, sobretudo, por uma de duas razões: ou porque quis evitar, na sua intimidade, o incómodo de sentir uma inferioridade moral que o deprimiria; ou porque entendeu que a espiritualidade do tibetano poderia prejudicar aquele cínico estado de espírito, tão necessário ao exercício das funções diplomáticas.