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terça-feira, 4 de setembro de 2007

Concorda, senhora professora?

Ignoro as minudências burocráticas relativas à colocação anual dos professores. Sei que muitos daqueles que são colocados em escolas longe de casa mergulham na frustração, no abatimento ou na revolta. Queriam estar junto dos seus e sentem-se desterrados na província que os desola. Prejudicados nos seus interesses, não é arriscado imaginar que ensinem menos bem: a tristeza só melhora a comunicação dos poetas.
Mas, se quisermos ser optimistas, parece que se avizinham mudanças que beneficiarão alunos e professores, e que deixarão de escandalizar os contribuintes.
O Estatuto da Carreira Docente quer tornar a "entrada na profissão docente e progressão na carreira mais exigente e selectiva". Para a leitora desejosa de ensinar ter possibilidades de ser admitida já não basta a licenciatura e a paciência para as papeladas da candidatura: será necessária a aprovação num exame nacional. Para a leitora que durante os últimos anos tem desesperado com os demenciais programas saídos da 5 de Outubro, a avaliação vai contar a valer na progressão da carreira: se tiver um humilhante insuficiente, será despromovida para o quadro de mobilidade.
Isto impunha-se. Quem paga deve avaliar e deve exigir competência. Apenas os que receiam ser avaliados poderão discordar. Porém, estas evidências têm um inconveniente que produziu incalculáveis danos: pecam por tardias. Só depois da casa arrombada, só depois da consentida invasão dos bárbaros que desprestigiaram a profissão, só mais de 20 anos depois do começo do negócio das universidades privadas que se esmeraram a licenciar milhares de ignorantes, é que o Ministério teve a iluminação de fazer da qualidade dos seus agentes uma prioridade.