Miguel Sousa Tavares foi durante alguns anos director da Grande Reportagem, uma revista mensal de muito boa informação, cuja leitura era imperdível. Agora, MST escreve nos jornais Expresso e A Bola, e faz comentários na TVI. A beleza e o charme de outrora deram lugar a uma cara arruinada, e, com o envelhecimento fisíco, apareceram as opiniões delirantes. MST apelidou de imbecil o presisdente Bush, acha os americanos uma ameaça à paz mundial, e ontem escreveu a seguinte barbaridade:
"Que uma grande parte dos portugueses ache que Salazar e Cunhal são dos maiores de sempre entre nós explica a razão pela qual somos actualmente o mais atrasado país da Europa."
Eu ignoro o que MST entende por Europa, mas sei, todos sabemos, que Portugal não é o país mais atrasado da Europa. E reduzir o atraso de Portugal, que em muitas áreas é tão lamentável quanto ultrapassável, ao apreço que muitos portugueses têm por Salazar ou por Cunhal, é simplesmente grotesco, é de uma indigência analítica aflitiva, é de uma ignorância histórica que envergonha.
Não é a qualidade dos textos que são publicados em Portugal que complica as contas do Estado ou impede a privatização das escolas. Não se exagere a importância pública de pessoas que desbaratam a verdade pelo gosto patético de serem bombásticas. Os autores desqualificam-se e os jornais dão-nos motivos para que os não compremos. Entregar euros para ler atentados à inteligência é coisa que se dispensa.