A 27 de Setembro de 1540 o Papa Paulo III aprovava, finalmente, a Companhia de Jesus, idealizada e criada pelo basco Inácio de Loyola. Inácio conhecia as durezas da guerra, peregrinara na Terra Santa, aprendera na Universidade da Salamanca, e vivia em Paris, quando em 1534, com mais sete companheiros, pronunciou os habituais votos de pobreza e castidade. A estes juntaram a obediência total ao Papa. Inácio sabia que Roma não era flor que se cheirasse: o Papado viva no luxo, na luxúria, no nepotismo, na rivalidade política entre as grandes famílias da fragmentada Itália, incapaz de travar a implantação do protestantismo por vastas regiões da Europa.
Se no mercado religioso europeu havia um concorrente de respeito, nas Américas, na África e na Ásia, abundavam os gentios que desconheciam o Evangelho. Dar-lhes a conhecer Cristo era o grande objectivo dos jesuítas. Era a oportunidade de redenção e de expansão da fé. Imbuídos de curiosidade e respeito pelas culturas autóctones, dotados de sólida formação teológica e de coragem física, os jesuítas partiram à evangelização do mundo: em 1542 estavam em Goa, em 1549 no Brasil e no Japão, em 1560 em Angola e Moçambique, em 1565 em Macau, em 1583 na China, em 1624 no Tibete. Não eram muitos, mas eram bons. Ensinavam o catecismo, criaram e geriram dezenas de colégios do ensino secundário, visitavam presos e doentes, conheceram o martírio. Sem a acção missionária dos jesuítas o Catolicismo não seria hoje, presumivelmente, uma religião mundial. Não é assim, Filipa?