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segunda-feira, 6 de julho de 2009

R de Ronaldo

Espreitei pela televisão, enquanto jantava graças à inesgotável generosidade da minha mãe, a apoteótica apresentação pública de Ronaldo como jogador do Real Madrid. Compreendi que estivesse com aquele sorriso triunfal e orgulhoso: dedicou muitas horas a refinar o seu talento e a desenvolver o seu corpo magnífico, entregou-se com muita confiança e ambição ao objectivo de integrar a elite dos craques do mundo da bola. Não pode senão estar contente quem saiu da pobreza anónima e chegou com merecimento à milionária fama mundial em dez anos. Compreende-se a felicidade de Ronaldo. O que não digiro é a atitude das televisões que, intencionais ou sem darem por isso, teimam em tratar os espectadores como idiotas e a si próprias se desqualificam. Será que o jornalista eufórico por relatar em directo a entrada de Ronaldo num jacto particular tem consciência da sua miserável figura? Será que os responsáveis por aquilo que deve ser objecto de notícia se dão conta de que os banais actos privados de uma vedeta não são jornalismo? Na verdade, pouco importa: fazem-no e continuarão a fazê-lo, alheios a princípios deontológicos, consolados pelas audiências e pela impunidade que o mau gosto, a falta de decoro e a demissão normativa do Estado proporcionam. Nas televisões, o lixo gerado engole quem o produz.

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