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segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Meu Querido Senhor Doutor

Muitas portuguesas, de diferente idade, cultura e condição sócio-económica, escreveram a Oliveira Salazar. Segue-se uma dessas cartas.

Lisboa, 30 de Setembro de 1956

Meu Querido Senhor Doutor

Que pena que tive de nos termos desencontrado, pois quando voltei do Caramulo foi o senhor Dr. para Santa Comba!
Já ando razoavelmente embora ainda com o pé inchado e sem carro!
Vou dizer-lhe em duas palavras o assunto que me leva a escrever-lhe, embore me custe, pois detesto incomodá-lo ou aborrecê-lo.
Se por qualquer motivo o Sr. Dr. já nada me puder fazer, ficar-lhe-ei na mesma, sempre agradecida.
Trata-se do seguinte. Com a morte do Joaquim Leitão ficou vago no Conselho de Administração da Raret o lugar de membro da comissão executiva, lugar esse que somente será preenchido por quem o Sr. Doutor indicar. Ora como o António se encontra dentro do mesmo Conselho de Administração, se o Sr. Doutor quisesse fazer o favor de mais uma vez o indicar para esse lugar seria óptimo para a nossa vida, visto esse lugar representar um aumento de 2 contos, o que nos faria muito jeito! Desculpe querido Senhor Dr. incomodá-lo com mais este pedido, mas o Senhor Dr. sabe como a vida está loucamente cara e o António, na Sacor, ao contrário do que ao princípio lhe foi dito pelo Dr. Ricardo Espírito Santo, continua a só receber 5 contos por mês!
Desculpe este desabafo, mas se mais uma vez me pudesse valer, muito e muito gratos lhe ficaríamos.
Um grande abraço da muito e sempre amiga Maria Arminda.

IAN/TT-AOS/CP 15