João Pereira Coutinho é um dos moços mais legíveis deste bizarro país. Conheci-o na fase decadente do O Independente e habituei-me à sua prosa elegante que valoriza as lições e os bons exemplos da História, que espelha permanente aprendizagem, que reflecte uma bagagem cultural que não está ao alcance de todos: JPC sabe que não escreve apenas para si e sabe que quem o lê não é analfabeto. JPC escreve agora na instituição Expresso e na revista Atlântico, já aqui lembrada e sugerida.
Na edição de Fevereiro da Atlântico, JPC informa-nos que vive, confortavelmente, por opção, com a família. E avança alguns argumentos, como a "qualidade gastronómica nunca desilude." A gastronomia é encantar o paladar, mas, infelizmente, porque os homens não aprendem e as senhoras se saturaram, cozinhar é arte em crise de vocações:
"Encontrar uma senhora moderna e emancipada que saiba fritar um bife em condições é um desafio que pode levar o macho lusitano à loucura. Não admira que Sam The Kid, o famoso rapper presente em estúdio, tenha posto o dedo na ferida ao declarar que só deixa a casa da mãe quando encontrar senhora compatível para casar. Um abraço, Sam. E, já agora, um conselho: casar, sim, mas só com garantias de que a donzela sabe cozinhar."