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sexta-feira, 11 de abril de 2008

Parabéns

Este blogue não é invejoso. Não se agasta com o sucesso alheio. Por isso, não se pode deixar de dar os parabéns a um português que conseguiu um feito extraordinário, que merecia ampla divulgação internacional.
O português é o senhor Jorge Coelho, que durante muito anos participou num programa radiofónico, aceitando com simpatia a superioridade dos seus colegas de programa, os senhores Pacheco Pereira e Lobo Xavier, e reproduzindo com fidelidade canina e verbo monótono, a cartilha do patrão PS. O senhor Coelho conseguira a fama nacional por ser o ministro das Obras Públicas e Comunicações quando se deu a derrocada da ponte de Entre-os-Rios, a maldita ponte construída no tempo dos reis liberais que provocou a morte de 60 pessoas. Por causa da maldita ponte, o senhor Coelho demitiu-se, assumindo, com coragem de Hércules, a responsabilidade política da tragédia. As pontes caem, mas os homens que as tutelam, (que as pontes não são livres, era o que faltava) os homens que dirigem serviços incumbidos de fiscalizar e reparar as pontes, não têm, obviamente, que responder em tribunal pela queda das pontes. A criminalização do desleixo e da incompetência dos nossos funcionários públicos e políticos seria uma actividade de consequências devastadoras, que mataria os juízes de trabalhos forçados e obrigaria à construção de dezenas de prisões. E nós, constrangidos contribuintes, pouco conscienciosos cidadãos, seríamos obrigados a ir às prisões tratar dos nossos assuntos com o Estado. Além do dinheiro, o Estado acabaria a pedir-nos tabaco, bolinhos e apoio psicológico.
A proeza do senhor Coelho é, pois, esta: sendo o ministro-construtor-e-conservador-de-pontes, a queda da ponte, em vez de o obrigar ao exílio, em vez de o calar envergonhado, em vez de o forçar a servir à mesa, promoveu-o de tal maneira, que acaba de ser nomeado presidente de uma importante empresa que se dedica à construção de pontes, uma empresa que tem no Estado o seu principal cliente, e que grata, sem saber o que fazer a tanto lucro, costuma financiar as despesas eleitorais dos partidos que mandam no Estado. Talvez o dinheiro e as adjudicações feitas ajudem a explicar a proeza; porque à luz da simples lógica, se não quisermos invocar a antiquada ética, o facto é espantoso. É como se os israelitas agora elegessem para presidente da república um nazi, ou os vegetarianos desatassem a comer carne de porco ao pequeno-almoço.