O Governo pode não o decretar, os portugueses podem não o saber, mas Portugal está de luto. Morreu hoje um dos seus grandes. Morreu Mário Cesariny. Ensaísta. Poeta. Pintor. Homem livre. Aqui fica um dos seus poemas, um poema maravilhoso e eterno, que em tempos me foi oferecido pela Ni, amiga de vida inteira que não quis casar comigo.
Em todas as ruas te encontroem todas as ruas te percoconheço tão bem o teu corposonhei tanto a tua figuraque é de olhos fechados que eu andoa limitar a tua alturae bebo a água e sorvo o arque te atravessou a cinturatanto tão perto tão realque o meu corpo se transfigurae toca o seu próprio elementonum corpo que já não é seunum rio que desapareceuonde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontroem todas as ruas te perco