Lisboa, triste cenário do 25 de Abril, perdeu importância internacional com a amputação de Portugal em 1975, mas não perdeu a beleza, apesar dos disparates urbanísticos que o Município tem autorizado e do trânsito stressante que faz esbanjar tantas horas a tanta gente. Lisboa não é Portugal, mas é a nossa cidade mais estimulante. Em Lisboa só se enfada quem gosta do tédio. Lisboa tem carradas de cinemas rendidos a Hollywod, tem diversos teatros sustentados pelos contribuintes que se estão nas tintas para a "cultura" e que concordam que se gastem milhões de euros em cultura teatral, Lisboa tem gigantescos e apelativos centros comerciais que fazem crer a quem os frequenta que Portugal é um país moderno e funcional, tem museus muito visitados por estrangeiros que testemunham a penúria da nossa pintura renascentista e a pujança da nossa azulejaria barroca, Lisboa tem proezas da engenharia como a ponte Vasco da Gama e a ponte Salazar, tem áreas deslumbrantes que enobrecem a nossa arquitectura como o Bairro Alto, o Chiado, a Baixa e o Parque das Nações, Lisboa tem universidades muito bem apetrechadas, tem igrejas onde nos refrescamos, descansamos e comemos um gelado enquanto olhamos o altar, Lisboa tem os pastéis de Belém e o Tejo que parece o mar, tem estações de metropolitano recheadas de obras de arte e centenas de empresas competitivas que dinamizam a economia, Lisboa tem céu azul no outono e no inverno, tem o milagre da Gulbenkian e o imponente CCB. E por último, Lisboa tem meninas e mulheres deslumbrantes que embelezam as ruas: bonitas, impecavelmente vestidas, confiantes. Quase provocam a necessidade de que se lhe diga parabéns.