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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O pintas

Acabo de ler na gloriosa Internet uma pérola, proferida pelo juiz desembargador Alexandre Coelho, a propósito do conteúdo de uma entrevista dada por um espanhol preso preventivamente em Monsanto. Interrogado pelo DN sobre as afirmações do detido - que apelidou a prisão de Monsanto como a "Guantanamo de Portugal" - o juiz, com o primário patriotismo ferido, entende que um "detido, nacional ou estrangeiro, não será a melhor voz para avaliar um sistema em que o próprio está inserido". Para este juiz que parece desprezar o empirismo alheio , eu e a leitora, por exemplo, que nunca visitámos uma prisão, que nunca estivemos presos, seremos, porque pessoalmente desconhecedores da realidade prisional, melhores vozes para avaliar uma prisão.
Para este juiz, dotado de uma lógica que posso com intencional exagero apelidar de miserável, "um detido ou um recluso não deveria proferir declarações de avaliação" porque "não é isento", porque "a sua credibilidade está obviamente afectada". Ele, pelos vistos, que integra o topo do sistema, pode fazer declarações, e nós só podemos concluir que também ele não é isento nem credível, embora se tenha em muito boa conta. O mundo premeia gente assim.