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quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Polska, Polska, Polska

Hoje senti-me um pouco polaco. Afinal, tenho uma tia - a simpática, bonita e boa conversadora tia Agatha - que nasceu e cresceu na Polónia, o mais azarado dos países, que em 1939 foi invadida e massacrada pela Alemanha nazi e pela Rússia estalinista. Apesar de destruída pela barbárie totalitária, a Polónia conseguiu sobreviver e reconstruir-se lentamente. Livre desde 1989 da tutela opressiva da URSS, a Polónia integra a União Europeia, recupera do atraso e dentro de poucos anos será uma das mais prósperas economias do continente: os polacos são cerca de 40 milhões, têm espaço de sobra para a agricultura lucrativa, e como possuem a inteligência dos russos e a eficácia dos alemães, saberão aproveitar os milhões de Bruxelas e de Berlim.
Lembro isto porque hoje a selecção da Polónia jogava contra a selecção de Portugal. Como esperava, ganharam merecidamente os polacos, mais rápidos, mais objectivos, mais motivados, e agora, bem treinados por um distinto senhor do mundo da bola. Portugal ia com a intenção de não perder: o empate seria um bom resultado, disse o seleccionador Scolari. Como o futebol só aqui e ali é ilógico, sabe-se que quem joga para empatar, costuma perder. E Portugal perdeu por um lisonjeiro 2-1, jogando penosamente zero para muitos, divertidamente zero para mim.
O brasileiro que menos trabalha e mais ganha em Portugal, tem enganado muito boa gente - iludida pela sorte que o acompanha, pela campanha de endeusamento de uma imprensa servil e pela habilidade com que a criatura soube aproveitar o vazio de um projecto colectivo para animar a malta com o histriónico e um bocadinho pateta amor à selecção - mas não engana quem sabe de futebol. Tacticamente conservador, Scolari é um teimoso que convoca jogadores que não jogam pelos seus clubes e não convoca jogadores de imenso talento que são titulares dos seus clubes : apostar em Costinha, Valente, Rocha e preterir Moutinho, Veloso e Meireles; ou demorar uma eternidade a fazer substituições evidentes, é, como diz o meu pai, próprio de uma besta, de um bronco. Sem sorte e sem a protecção da Virgem, só muito dificilmente o brasileiro levará Portugal ao Europeu de 2008.