A Li é uma menina com 31 anos recheada de qualidades: é inteligente e instruída, é simpática e serena. Quem a conhece, não pode senão estimá-la e sentir-se bem na sua companhia. A Li tem condições técnicas para exercer a sua profissão em qualquer estabelecimento do ensino liceal/secundário. Queria ensinar, tentou ensinar, mas não conseguiu ser admitida: a Li é o exemplo vivo de um dos defeitos do sistema, aquele que admite medíocres e rejeita capazes. Como
hay que buscar la vida, a Li tomou uma daquelas decisões complicadas e foi hoje, contratada pelo IPAD, para Timor, participar na formação dos futuros professores timorenses.
O Pictionary, a cerveja e os enchidos, a abundante palheta e a resistência a Morfeu, haviam mantido adormecida a ansiedade noite fora. No aeroporto, o inevitável sofrimento da separação: o Gabi que sabe que a provação reforçará ainda mais o seu admirável casamento, as eternas amigas Ni e Sandra que sabem a falta que vão sentir da Li. E eu, que observei, e que fiquei a pensar que a Li vai dar conta do recado e que vai ter muito para contar quando voltar.