Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa fazem hoje mais uma greve, a terceira em duas semanas. Eu já aqui escrevi que as greves são prejudiciais à economia e são inúteis quando as direcções sabem mandar: são um dos produtos da horrível mistura do liberalismo individualista com o socialismo ineficiente. O bom senso social dita a urgência da sua ilegalização. Isto não é novidade, pois se os polícias e os militares e os membros do Governo estão proibidos de brincar às greves, não parece lógico que outros grupos profissionais pertencentes à Administração Pública a elas possam recorrer: é uma evidência que o Estado se nega a si mesmo quando os seus funcionários decidem protestar através da greve. Sendo permanente e tendo a intenção de ser perpétuo, o Estado não deve fazer greve.
Mas o Estado parece padecer da doença bipolar. Ao ser incapaz de evitar os ociosos protestos, lembra-nos a sua impotência; autorizando que os seus grevem - acabou de nascer o verbo grevar -, o Estado diz-nos a todos que desculpem lá mas não me bastam as vossas obrigações fiscais, não me contento com a descomunal legislação que em tudo interfere: tenho que ter o poder de arbitrariamente vos foder a vidinha, nem que hoje seja apenas das 6.15 ao meio dia.