Hoje enganei a fome comendo no restaurante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Ao sair da Universidade, ainda antes da escadaria, quase choquei com três jovens, voluntários de uma sinistra organização poliítica. As meninas e o moço, que mitigavam o tédio da obrigação da propaganda conversando animados, distribuíam panfletos da Juventide Comunista Portuguesa. Disse-lhes "foda-se, não me queiram contagiar", e recusei os panfletos, porque, entre outros motivos, os sabia exemplares da repulsiva prosa comunista. Depois, enquanto caminhava, pensei: os comunas continuam a actuar quase livremente na Universidade. E pensei, é certo que a propaganda política não atrapalha a missão da Universidade, que é ensinar, avaliar os alunos e promover a investigação científica; mas não é menos certo que as Universidades não devem tolerar a propaganda política nas suas instalações. Isto, porque para o exercício das actividades políticas não faltam espaços e modalidades: Parlamento, assembleias municipais, comícios, circos eleitorais, barulheiras televisivas, manifestações de rua. Esta fartura e esta variedade deveriam bastar aos profissionais e aos voluntários da política. Mas parece que não chegam. Parece que é legítimo serem as Universidades espaços privilegiados para a poluição dos espíritos, para o envenenamento do ambiente académico; porque não se tenham dúvidas, a difusão da demagogia marxista-leninista é uma ofensa à saúde mental das pessoas, é um insulto à seriedade e à verdade da História e do presente.