Sendo orgulhosa e saudavelmente anticomunista, este blogue tem o dever e o prazer de ir malhando em tão maligna ideologia. Lembrei-me agora mesmo de Durão Barroso, personagem que dispensa apresentações. O Presidente da Comissão Europeia, e como ele tantos outros políticos e jornalistas e artistas, foi comunista quando jovem, quando estudava na Faculdade de Direito. Venerava Estaline, acreditava nos benefícios da economia socialista, praticava com fervor a religião vermelha. Estas tolices não o impediram de triunfar, já que ter sido comunista até costuma enriquecer o famoso CV de qualquer pessoa: parece anedótico, mas é verdade. Entretanto, as pessoas crescem, utilizam a sua inteligência, acumulam experiências, alimentam e realizam projectos, ganham lucidez e o ardor comunista vai à vida, é pragmaticamente engavetado, guardado no album das memórias lamentáveis.
Mas as sequelas mentais da anterior crença absurda na eficácia e na lógica do comunismo não desaparecem. Durão Barroso provou-o quando assumiu as suas funções em Bruxelas. Interrogado por um jornalista sobre o seu passado, respondeu a seguinte pérola: "
quem não é comunista aos 18 anos não é generoso, não tem bom coração". Tentarei não adjectivar em excesso o comentário de Durão Barroso. Eu envergonhar-me-ia duplamente: de alguma vez ter sido comunista e de dizer que acreditar no comunismo é prova de altruísmo. Enfim, como é fácil dizerem-se enormidades quando já se tem idade para se ponderar o que se diz.