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sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

O pesadelo Peseiro

Vou finalmente escrever sobre o futebol do Sporting, que desde a infância tem importância na minha vida, provando assim a minha elementar masculinidade:). Eu sou capaz de faltar a aniversários de amigos, sou capaz de antecipar regressos a Lisboa, sou capaz de recusar cinemas e museus, para assistir no estádio aos jogos do Sporting. Quando joga o Sporting, durante 2 horas o mundo suspende-se, o mundo é o Sporting.
Ontem quase dormi a ver o Sporting. Aborreci-me. Em vez de me excitar como seria desejável, senti o apetite a desvanecer-se de tal maneira que eu, que quase sempre festejo os golos desvairadamente, pulando, berrando, abraçando desconhecidos, ontem nem me mexi quando o Sporting marcou. Ontem o jogo do Sporting foi tão fraquinho e desmotivante que o meu sportinguismo se anestesiou. Ora, isto ofende-me. A força e o fascínio de se ser de um clube radicam nos estímulos e sensações que ele nos provoca quando joga. Sendo esta situação de indiferença pelo jogo contraproducente e até grotesca, há que identificar os culpados dela. Não é tarefa difícil. Claro que os jogadores pouco se aplicaram ontem, passearam a sua lentidão, parecendo estar contrariados no relvado. Tendo os jogadores culpas porque são responsáveis pelo que fazem e pelo que não fazem, os maiores culpados são, contudo, evidentemente, o treinador, o senhor Peseiro, e aqueles que o contrataram e teimosamente o não despedem. O meu pai chamou energúmeno a Peseiro e quem sou eu para desmentir o meu pai. O homem chegou em Julho ao clube e disse que queria ganhar tudo: coisa que nem Mourinho fez no FCPorto. Reconhece que os jogadores aqui e ali se distrairam, que falharam, que economizaram esforço ou desprezaram o adversário, mas está sempre muito contente com eles: um jogador que este ano se tem arrastado em campo sugeriu-lhe, no momento da sua tardia substituição, a prática homossexual da sodomia, e o treinador, que parece apreciar sugestões intimas, manteve-o titular. Qualquer pessoa que sabe o minímo de futebol sabe que os jogadores devem jogar nas suas posições: Peseiro acha que não e mesmo não precisando porque não faltam jogadores no plantel, decide inventar colocando defesas no meio campo e jogadores do meio campo na defesa. Isto tem dado, como seria de esperar, repetidos maus resultados, mas o homem teima, perseverando orgulhosamente no erro e queixando-se juvenilmente das críticas.
Poderia continuar até à exaustão, mas vou ficar por aqui. Sei que vamos ter que aturar a incompetência do homem até ao fim da época. Os dirigentes dirão que confiam nele, que ele está à altura, e etc e tal. No fim, confrontados com mais uma época de zero títulos, farão o que fizeram ao anterior treinador, o engenheiro Santos: desculpe mas o senhor não tem condições para continuar. Como irresponsáveis que são, os dirigentes não se demitirão. Os seus erros gozam de impunidade. É um clube português, demasiado português, o meu adorado Sporting.