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terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Os guerreiros de Guimarães

Guimarães tem um centro histórico bonito e admiravelmente restaurado. Tem doçaria que é uma pena não comer todos os dias. A sua população tem muita juventude: os minhotos, que parecem ser os portugueses que mais praticam os rituais do catolicismo, casam e procriam com facilidade. Em Guimarães não falta o espírito empreendedor que possibilita iniciativas empresariais, está enraízado o sentimento de propriedade e o orgulho de se ser vimaranense.
Os vimaranenses são sentimentais, e às vezes exaltam-se por dá aquela palha. Ontem, aconteceu no estádio. Os vitorianos gostam muito do seu Vitória mas não gostam genuinamente de futebol já que são incapazes de aplaudir adversários superiores. Ontem o Vitória começou melhor mas o Sporting deu a volta. Resultado: os vitorianos perderam as estribeiras e soltaram a sua animalidade. Pelas imagens da TV deu para perceber que a fúria geral não poupou estratos sociais e culturais. O engenheiro e o carpinteiro, o empresário e o estudante, iguais na raiva: tendo a prostituição tanta clientela no Minho, apenas surpreende que hipócrita e injustamente teimem no eterno filho da puta. E o estádio em revolta lá berrou vezes sem conta o filho da puta ao árbitro, o filho da puta aos dirigentes e jogadores do Sporting, elevados a inimigos odiosos. Claro que estes incontáveis crimes semi-públicos os não saciaram. Da violência verbal, passaram às agressões possíveis. Cobardemente, arremessaram cadeiras, isqueiros, garrafas.
Parece tacitamente instituído que os estádios de futebol são os espaços para a impune expressão da violência tribal. Como as autoridades policiais só raramente distribuem bastonadas, como os desordeiros não são impedidos de entrar nos estádios e não pagam multas, a coisa vai continuar a repetir-se. Em Guimarães, no Porto, onde calhar.