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sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Os cartazes na cidade

Apenas os cegos estão a salvo da poluição visual que se instalou em Lisboa. Os cartazes do marketing partidário chegaram e estão em toda a parte. Nem a alma mais distraída e alheada do meio consegue escapar à omnipresença dos gigantescos cartazes que repetem até à exaustão as caras dos chefes dos principais partidos. Aos desgraçados que mendigam uma moeda para a comida ou para a heroína, juntaram-se Santana e Portas, Sócrates, Louçã e Jerónimo, nos passeios, nas rotundas, plantados na relva, disputando as avenidas e as ruas mais concorridas, para nos mendigarem o voto, o sublime acto de cidadania que é colocar a cruz num quadradinho. Milhares de fotografias e milhares de símbolos para o bom povo não se esquecer e não fazer confusões, cansam, incomodam, são um abuso do espaço público. Ninguém discordará que é desagradável encontrar-se repetidas vezes a cara de alguém que não apreciamos e a quem se daria uma viagem sem regresso para a Coreia do Norte. Está claro que uma caminhada pelo jardim da Estrela prejudicada pela visão sinistra de Louçã diminui a tal qualidade de vida.
A praga, paga com o dinheiro dos contribuintes, faz lembrar o culto da personalidade das ditaduras comunistas e é ilustrativa do que os partidos pensam dos eleitores que querem convencer. Não é com fotografias que me caçam, mas sempre posso confessar que Paulo Portas ficou bem na fotografia: elegante, confiante, optimista, orgulhoso do trabalho feito.