Arquivista

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa, Portugal




domingo, 9 de dezembro de 2007

Europa-África

Lisboa esteve cheia de ditadores de impecável currículo: vitalícios, milionários de tanta corrupção, que se esmeram a encher as prisões e os cemitérios de oposicionistas, que patrocinam terroristas, que expropriam proprietários, que consentem que milhões de pessoas morram de fome e de doenças facilmente tratáveis.
Graças a estes governantes e respectivas clientelas, África é a suprema vergonha e a diária tragédia da humanidade. A impunidade de que gozam, em casa e pelo mundo, não os corrige: ouvem propostas de investimento estrangeiro, seduzem lembrando as matérias-primas existentes, aturam sorridentes a evocação dos direitos humanos que os líderes europeus nunca se cansam de repetir, e massacram e roubam sempre que o julgam necessário ou apetecível. Percebe-se a tranquilidade dos monstros: a Europa, que pela boca de Sócrates os considerou "parceiros iguais", não assusta. A Europa cala-se. Deplora as corriqueiras "catástrofes humanitárias" mas não ousa acusar quem merece ser julgado em Haia. A Europa, que teima em não saber lidar com o seu passado recente, parece recear que os líderes africanos peçam milionárias indemnizações pelo passado colonial: malditos brancos, paguem-nos as estradas, as pontes, os caminhos-de-ferro, os portos, os hospitais, as escolas, as fábricas, que construíram e que nós destruímos. Na relação Europa-África, o absurdo é permanente.