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terça-feira, 27 de março de 2007

Monocle


É uma revista mensal, que nasceu este ano. O papel merece ser cheirado; as fotografias escolhidas a dedo; os textos variados, instrutivos e bem escritos: da marinha japonesa ao petróleo da Noruega, dos investimentos chineses em África aos projectos económicos do Chile. E ainda moda, arquitectura, empresas bem sucedidas. É a Monocle. Imperdível.

domingo, 25 de março de 2007

MNE

O MNE - Ministério da Nulidade Externa - está de parabéns. Entretido a reformular a rede consular portuguesa, o MNE parece que tenciona encerrar alguns dos movimentados consulados em França. É imperativo, porque os emigrantes são uns descarados. Depositam diariamente milhões de euros nos bancos portugueses e, insatisfeitos pela ajuda que prestam à nossa economia, ainda se atrevem a dar o que fazer aos funcionários diplomáticos.
O MNE poupa com sabedoria: encerra consulados onde vivem milhares de portugueses e manter embaixadas na Etiópia e em Malta.

Europa

O Tratado de Roma, berço da actual União Europeia, faz 50 anos. O federalismo que inspira doutrinariamente o projecto europeu nunca terá a harmonia, a eficácia e a naturalidade do federaliismo norte-americano. Uma moeda única é tecnicamente viável e aproxima povos, mas as consequências sentimentais de um passado tantas vezes violento não se anulam com prosperidade.
Contudo, como portugueses, cumpre-nos agradecer a paciência e a prodigalidade da UE. Claro que, por corrupção, inépcia e irresponsabilidade, temos desperdiçado milhões, para prejuízo de todos. Os vícios do Estado não inspiram respeito e contaminam toda a sociedade. Mas sem a UE, Portugal, que recusou ser importante no mundo ao abandonar o Ultramar, seria hoje um país miserável.

T.C.

É uma dos poucos organismos de excelência da nossa administração pública. O Tribunal de Contas fiscaliza ministérios, municípios, empresas públicas, hospitais, universidades; e divulga o trabalho que produz: os seus relatórios de auditoria e pareceres estão disponíveis na internet. Passar os olhos pelas conclusões dos relatórios gera dois sentimentos: ou nos repugnamos ou nos divertimos: a lista de irregularidades, de deficiências administrativas, de esbanjamento de dinheiros públicos, que o TC detecta, é impressionante. Não fortuitamente, o TC não tem poderes coercivos relevantes: não sentencia prisões, impedimentos, afastamentos.
Os relatórios do TC não permitem outra interpretação: o Estado em Portugal não é pessoa de bem. O Estado português é o grande adversário dos portugueses. É o grande bandido impune.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Concurso choque


Se este ilustre senhor
vencer o concurso da RTP
- que é mais uma fantochada da dispensável empresa -
já se sabe: cairá o carmo e trindade para a esquerda,
cujo exército de pensadores enfadonhos, invejosos e rancorosos,
atacará o homem com as omissões e invenções da praxe. Tal como nos delirantes tempos do PREC.

terça-feira, 20 de março de 2007

Mais Milhões para as Escolas

O Governo anunciou ontem mais um pomposo programa: o da modernização do parque escolar secundário. São 940 milhões de euros para tornar as escolas funcionais e aprazíveis, para que os alunos, deslumbrados com tanto conforto, se dediquem a estudar. Não duvido da necessidade de renovar equipamementos, pintar fachadas, mudar telhados. Mas como as escolas terão de ser, mais ano menos ano, alienadas, cedidas à iniciativa cooperativa e privada, parece evitável despesa.
A Resolução do Conselho de Ministros que anuncia e justifica a decisão está disponível no portal electrónico do Governo. Assume a "ausência de uma correcta e contínua política de conservação e manutenção" e tem a curiosidade de fazer o elogio às escolas construídas pelo Estado Novo, de
"forte uniformidade e sobriedade formal, robustez construtiva e boa qualidade dos materiais empregues".
Com tanta obra à vista, os empreiteiros esfregam as mãos de contentes, e os alunos já sabem que vai ser uma festa de folgas no horário.

Viciados

Os portugueses, que, em geral, trabalham pouco em Portugal, têm dificuldades em dormir. Os portugueses, ansiosos e tristes, stressados e deprimidos, gastaram, em 2006, mais de 80 milhões de euros em sedativos e ansiolíticos. Levam-se demasiado a sério e esquecem-se que não viverão até aos 150 anos.

domingo, 18 de março de 2007

Má publicidade

Acabei de ver, pela centésima trigésima vez, a publicidade de uma empresa farmacêutica, que promete a cura para a tenebrosa "disfunção eréctil" .
O anúncio parece-me desastroso. Um casal de meia idade está deleitadamente a namorar e toca o telefone. Dá-se primeiro disparate: o homem interrompe os mimos e atende. E logo a seguir, a barbaridade: o homem diz que vai sair imeditamente, acabando-se o amor. O aúncio acaba por ser um incitamento à discórdia conjugal, ao incumprimento dos deveres, à secundarização do amor.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Constança

Constança Cunha e Sá lembra no Público esta verdade esquecida:

"José Sócrates, esse estadista de última hora, foi sempre um homem do aparelho, um cacique local que cresceu nos jogos partidários e se distinguiu nos golpes de bastidores."

domingo, 11 de março de 2007

Sidónio


Sidónio Pais, aclamado nos Paços do Conselho em Lisboa, olha a máquina consciente da posteridade do acto. Parece dizer ao fotógrafo não falhes, que saía bem, que seja registo eterno de mim.

Universidades à rasca

Parece que as Universidades privadas estão a perder clientes. Cerca de 30.000 alunos nos últimos 9 anos, segundo a notícia do Público. Não me surpreende e não me entristece. É quebra merecida e justa: os serviços prestados são genericamente maus, abundam professores imprestáveis e alunos ignorantes. Os primeiros fazem figura de corpo presente em troca do salário, os segundos acham estudar uma maçada e esmeram-se a cabular. Nas universidades privadas a obtenção da licenciatura ou do mestrado não decorre do mérito; garante-se com o pagamento pontual das propinas. As aulas pasmam e desolam, o debate é uma miragem, o vigor intelectual rareia, a investigação escassa.
Durante anos, todos andavam contentes com a ficção: as universidades orgulhosas das contas de gerência, os alunos eufóricos com o canudo e o Estado vaidoso das suas estatísticas de nível quase europeu. Era uma triple entente que parecia funcionar.
Estaria tudo bem se a sacana da realidade não fizesse das suas. Mas fez. E as dezenas de milhares de licenciados desempregados, as dificuldades económicas e as falências das universidades, os avisos e as queixas das entidades empregadoras, provaram que este casamento de conveniência não poderia aguentar tanta traição às exigências da economia global.

sábado, 10 de março de 2007

Estrangeiros

Quer conhecer estrangeiros simpáticos e muito conversáveis, que se interessam por Portugal e gostam de Lisboa? Vá à Torre do Tombo. Eles estão por lá.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Sabedoria americana

“The best way to persuade people is with your ears - by listening to them.”

Dean Rusk, Secretary of State

Jornais patéticos

Os diários desportivos que se publicam em Lisboa - A Bola e Record - rivalizam no facciosismo. Secundarizam o importante e fazem manchetes com bagatelas e boatos. Patéticos e quase ilegíveis, dão-nos saudades dos anos 80, quando os jornais desportivos eram publicados três vezes por semana, tinham no quadro jornalistas dignos desse nome e não curvavam a espinha aos donos da bola.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Justiça em Timor

Informa o Público que um tal Rogério Lobato, "ex-ministro do Interior de Timor-Leste, foi hoje condenado a sete anos e seis meses de prisão, acusado de 18 crimes de homicídio e 11 de homicídio tentado."
A notícia é lacónica e deixa incertezas: o ex-ministro ficou-se pelo apoio logístico e instigação moral ou também disparou? Seja como for, a sentença parece escandalosamente leve e não desencoraja a arreigada cultura de violência existente em Timor: 18 homicídios são punidos com 90 meses de prisão: média de 5 meses de cadeia para cada morto. Cheira-me que os juizes timorenses estão a receber formação dos seus colegas portugueses.

terça-feira, 6 de março de 2007

Vai uma aposta?

O Sporting vai jogar o acesso à final da Taça em Alvalade com o Beira Mar. Contra o Belenenses ou o Braga seria, segundo a lógica, mais complicado. Contudo, há um detalhe a não esquecer: o Sporting sabe complicar como nenhum outro, é vulgar a sua estupidez de esbanjar oportunidades de ganhar. Quando não tem um azar danado ou não é prejudicado por árbitros tolos, o Sporting esmera-se a cometer proezas como não marcar um único golo ao último classificado ou a empatar cinco dos últimos seis jogos. Ou seja, não surpreenderá que volte a falhar e perca com o Beira Mar. Seria mais um ano sem títulos. Seria o costume.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Portas

Paulo Portas quer regressar à presidência do CDS/PP e aspira liderar a oposição ao Governo. Os excessos dos tempos do Independente tornam-no intragável a muitos mas não anulam as qualidades perenes: é imbatível na oratória, é inteligente, é competente, é ambicioso, tem sentido de estado, incomoda-o este Portugal com tanto para melhorar. E tal como Sócrates, também sabe cativar e conquistar as simpatias dos jornalistas. Tem, contudo, um problema que parece irremediável: Portas é maior que o seu Partido e nunca o PP terá mais votos que o PSD, por maior que seja a divisão e a desorientação deste: em Portugal vota-se porque se gosta da cara de fulano e se detesta beltrano, vota-se por fidelidade a símbolos e ficções, e são poucos os que se dão ao luxo de votar comparando governações ou examinando ideologias e propostas.
No PP Portas poderá liderar a oposição, demolir a arrogância do Primeiro Ministro, demonstrar a insuficiência dos remendos que são vendidos como reformas, envergonhar a vaidosa associação de medíocres que é o PS.
Mas nunca vencerá as eleições legislativas. E nunca chegará a Primeiro Ministro. Lamentavelmente.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Mocidade


Meninos da Mocidade Portuguesa numa exposição sobre regras de trânsito. A Mocidade era patriotismo e camaradagem, hierarquia e desporto, alegria e obediência.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Mais dois

É uma vergonha passar uma semana sem escrever no blogue. Desculpa blogue. Não é por mal. É falta de tempo e é não ter o que escrever.
Acabo de ler que esta semana foram agredidos mais dois professores. E o Público avança números desoladores:
"Segundo números avançados ontem pelo coordenador do Observatório de Segurança Escolar, João Sebastião, no último ano lectivo registaram-se 390 agressões contra professores dentro e nos acessos aos estabelecimentos de ensino, 207 agressões contra alunos e 766 relatos de injúrias contra funcionários. No total registaram-se 3523 ocorrências contra pessoas, às quais se juntam ainda 1768 acções contra o património – roubo de bens de alunos, professores, funcionários e equipamentos – só nos estabelecimentos de ensino sob alçada das direcções regionais de educação do Norte e Lisboa."
Os 30 anos do sistema de ensino desta III República levaram a isto: à violência quotidiana, ao crime banalizado. A autoridade não se exerce ou não existe; os alunos insultam, roubam, ameaçam e não aprendem; os professores não conseguem ensinar e são agredidos; os pais são brutais deseducadores. A escola pública fracassou. É a grande calamidade dos tempos que correm. E os irresponsáveis do Ministério não se decidem a avançar para a única possível solução: a privatização do ensino primário e secundário.