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Localização: Lisboa, Portugal




sexta-feira, 28 de março de 2008

Gent





Gent quase dispensa apresentações. Gent é o coração da Flandres que recuperou do inferno das trincheiras de 1914-1918. Gent é a burguesia pujante e de bom gosto, que enriquecia com têxteis, tapeçarias e transportes. E que celebrava o seu sucesso construindo igrejas que impressionam pelos naves amplas, pelos campanários que se elevam aos céus, pelos vitrais garridos que evocam a Bíblia. Gent é a cidade gótica que não esquece a punição infligida pelo seu filho Carlos V aos mercadores que ousaram contestar e defraudar o voraz fisco do império espanhol: ainda hoje os homens saem em procissão, descalços, vestindo uma túnica branca, com uma corda à volta do pescoço.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Lille






Da gelada Lille, cidade de 200.000 habitantes, que viu nascer o gigante Charles de Gaulle, que foi bombardeada e ocupada pelos alemães durante a I Guerra, un peu de la grandeur de la France.
De cima para baixo, le Palais des Beaux Artes, Jeanne d´Arc, l´église Saint-Maurice, l´empereur Napoleéon et la Vieille Bourse.

domingo, 23 de março de 2008

Brugge






Brugge, Bruges, Brugge!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Ainda não chegaram lá

Os professores estão saturados e decidiram manifestá-lo publicamente, enchendo a Praça do Comércio. Pediram a demissão da ministra, denunciaram o sistema de avaliação que está a ser implantado, lembraram a sua degradação profissional. Entende-se a revolta, que me inspira simpatia e interesse. Sem ensino seríamos ainda piores animais; no ensino, resignadas ou angustiadas, esbanjando-se, estão pessoas que estimo e admiro. A manifestação será lembrada pela adesão massiva, mas não apressou a mudança que um dia chegará. Dos 140.000 professores vinculados ao Ministério, não têm visibilidade aqueles, poucos, que defendem o fim da função educativa do Estado. O que se estranha porque o truísmo é simples: como gere o ensino reiteradamente mal, o Estado, por decoro, por respeito pelo presente, por apreço pela eficiência, por preocupação pelo futuro, deve abdicar de ser agente educativo. Da reforma da instrução primária de Rodrigo da Fonseca em 1835, que ambicionava, na sua piedosa teoria, "fundar a cidadania" e promover a "civilização geral dos portugueses" à acentuada aposta de Marcello Caetano, o Estado demorou cerca de 140 anos até concretizar o seu propósito de levar à escola todas as crianças de 6 anos.
Que o Estado não tome a iniciativa de entregar a quem sabe o ensino, entende-se, dada a coragem política e a ética da generalidade dos seus dirigentes máximos, e a tacanhez burocrática da 5 de Outubro. Que os professores teimem em querer ter tal patrão, não abona em favor da respectiva capacidade de análise e auto-estima. Mais forte que a vocação de ensinar, é a paixão do funcionário público pelo salário certo e pelo comodismo de um trabalho sem competição.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Esperança?

Foi hoje anunciada a criação de mais um partido político - o MEP, Movimento Esperança Portugal. Ao contrário da extinção do PS, da ilegalização do PCP, do desaparecimento do PSD, que são sonhos bonitos de se ter, que seriam actos de justiça que me alegrariam juvenilmente, a notícia de mais um concorrente eleitoral só me não é completamente indiferente porque escrevo sobre ela, tocado, talvez, pela infeliz pieguice do nome: combinar "Esperança" e "Portugal" é uma contradição de gosto duvidoso, uma insensibilidade histórica, um optimismo deslocado, uma ingenuidade que faz desconfiar. "Esperança" e "Portugal" não combinam e ponto final. Cada povo tem a sua cruz colectiva e a cruz dos portugueses é Portugal.

domingo, 2 de março de 2008

Sábia frugalidade

A aproximação da ditosa Primavera convida a uma frase do Desassossego que, pasme-se, não desola. Cativa e instrui.

"Concentrei e limitei os meus desejos, para os poder requintar melhor."