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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Bruxelas perdoa

Dia memorável para a nossa ditosa República: Bruxelas investigou e apurou que "o método de fornecimento dos primeiros computadores Magalhães é ilegal face ao direito comunitário". Sem penalidades, limitou-se a puxar-nos as orelhas, arquivando a infracção.
Como é sabido, antes da chegada do Magalhães, os alunos não aprendiam, por falta de equipamentos que lhes estimulassem o cérebro. As crianças choravam, os professores desesperavam. Comovido com o sofrimento de uns e a impotência de outros, aterrado com o futuro da Nação, o Governo, generoso, consciencioso, comprou os desejados computadores. E uns e outros recuperaram a alegria de aprender e ensinar. E aqui termina a fraca fábula. Na verdade, os computadores não faziam falta alguma. Eram um luxo que o respeito pelo dinheiro dos contribuintes desaconselhava. Mas o Governo, que adora brinquedos com ecrãs, botões e teclas, prefere dar-se a imagem de modernizador e decidiu modernizar as escolas com centenas de milhares de computadores que custaram centenas de milhões de euros. Esqueceu-se de respeitar as regras da concorrência. Esqueceu-se de pensar no controlo da despesa. Não lhe importaram tais escrúpulos: acima dos códigos de contratação pública paira uma lei que autoriza o governo a ignorar impunemente a lei e a prejudicar impunemente o país.

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