Neve II

Actualização metereológica: neva em Lisboa. Pena que a chuva matinal não permita que a cidade se vista de branco. Brincadeiras geladas ficam para a próxima oportunidade, talvez daqui a outros 60 anos. A neve, que mereceu à minha formidável mãe que me arruinou com mimos desmesurados, a lembrança dos "desgraçados dos pobres que estão na rua". Outro dia encontrei um pobre muito pobre sentado na escadaria de acesso à estação do metro da Rotunda. Estava um frio cortante, apesar do sol. Sugeri-lhe que entrasse na estação, que lá se abrigasse, onde estaria mais protegido, onde a espera pelas moedas dos apressados clientes do metro seria menos penosa. Disse-me que não podia, que tinha que continuar ao frio, porque os homens da segurança do metro já tinham corrido com ele e ele não queria problemas com ninguém.

Neve

Dia 29 de Janeiro de 2006, domingo, deu-se uma memorável proeza climatérica: nevou em Lisboa.

Ressurreição

Não acredito na ressurreição da carne. Parece-me uma promessa tão mentirosa quanto macabra. Mas talvez acredite na ressurreição deste blogue, que agora já só é egocentricamente lido por mim. No caso improvável de alguém casualmente espreitar estas letras, os votos, nunca tardios, de um ano suportável.