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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eleições I

Como me dei ao trabalho de fazer na cruz no quadradinho do Paulo Portas, como acompanho estes actos desde o distante ano de 1985, como ainda tenho a esperança de um dia ganhar a vida escrevendo banalidades e como neste outrora dinâmico blogue mando eu, permito-me "esmiuçar" as eleições de domingo. Justificado, aventuro-me no exercício.
O PS perdeu mais de 500 mil votos, mais de 20 deputados, ficando pelos 36%, obrigado a arquivar a sua prepotência e a convocar o espiríto de negociação que detesta. Viciado em impor, terá que ceder, arreliar-se, ser polido, engolir propostas alheias. Com a satisfação do trabalhador que escapou ao despedimento, do marido a quem foi perdoada a infidelidade, Sócrates disse aos microfones ser uma "vitória extraordinária". E foi. Sobreviveu às promessas falhadas. Sobreviveu ao aumento do desemprego, do endividamento externo e das despesas do Estado. Sobreviveu à continuação da paródia do ensino e da justiça. Sobreviveu às investigações do jornal Público, que em vez de o levarem à demissão, apenas provaram imoralidade ou o desinteresse dos Portugueses, e a ficção que é achar-se a comunicação social o 4.º poder, quando é sobretudo agência de publicidade da classe política, entretenimento que nos alimenta a morbidez e a pena, nos ajuda a sonhar com viagens, nos estimula a consumir produtos culturais, vendendo-nos a ilusão de que estamos informados, temos opiniões, nos prestam contas e somos civilizados.
Optimista por artíficio, desenvolto a vitimizar-se, descarado a vangloriar-se, eficiente na distribuição de favores e na intimidação, patrão de um partido-polvo disciplinado, vocacionado para exercer o poder em seu próprio proveito, fodendo-nos sem escrúpulos se necessário, Sócrates sobreviveu por tempo ainda indefinido.
E com tantas linhas sérias dedicadas ao engenheiro, quase perdi a vontade de discorrer sobre o melhor político português desde Sá Carneiro: Paulo Portas. Mais logo, pego nele, salvo seja.

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