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Localização: Lisboa, Portugal




terça-feira, 29 de agosto de 2006

Inventário

Fazer anos é uma oportunidade para contar amizades. Confesso que não sou um gajo com dezenas de amigos. Como tenho o horror parvo de incomodar e sou desleixado, procuro pouco quem tem a minha sólida estima. Os amigos sentem-no, adaptam-se e alinham no jogo. Acabam por fazer quase o mesmo. Como somos amigos, a ausência não belisca o sentimento, não diminui a intimidade, não anula as afinidades. Aproveito a entrada nos 32 para actualizar o inventário dos amigos. Quem se lembrou, telefonou ou enviou uma mensagem. Ei-los: o Renato, o Darko, a Helena, a Margarida, a Ni, a Cátia, a Eva, a Sofia, os primos Xandy, David, Edgar e Sara. Beijo-os e beijo-as. Aos que se esqueceram, lembro atenuantes que ajudam ao perdão: o João Miguel é indiferente aos aniversários dos outros, o João Marco está apaixonado, o Chico está em Inglaterra, a Helena com a depressão, a Teresa no estrangeiro. Para o ano não se podem esquecer. Se eu por cá continuar.

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Dores do mundo

Tantas mulheres sem homens e tantos homens sem mulheres.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Salas de chuto

Parece que em Lisboa, graças ao acordo próximo entre o IDT e a Câmara, se prepara a abertura de salas de chuto. É decisão que merece concordância. A toxicodependência é impossível de erradicar. Acreditar que é possível uma sociedade sem pessoas viciadas em heroína ou cocaína é uma ingénua e perigosa utopia. O proibicionismo pode empolgar polícias que amam a sua profissão e satisfazer quem julga que algumas drogas são substâncias diabólicas que escravizam fatalmente o ser humano. O proibicionismo, cruzada moralista e negócio infinitamente lucrativo, que nasceu nos Estados-Unidos no princípio do século XX a partir da aliança dos lobbies religiosos e da indústria farmacêutica, enriquece os traficantes, enche as prisões, prejudica os consumidores, atenta contra as liberdades individuais e não trava a toxicodependência. Geralmente, acentua-a. A existência de espaços destinados ao consumo higiénico de drogas ilegais pode reduzir a hepatite e o sida. Pode poupar as ruas a comportamentos que devem ser privados. Mas não vai mudar a política sobre algumas drogas, tola ou hipocritamente estigmatizadas. Podemos esvaziar uma garrafa de uísque enquanto comunicamos na internet mas não estamos autorizados a fumar meio grama de heroína para anular a angústia ou soltar a língua.

Invicta

Eis-me na cidade que se proclama invicta sem o ser, porque se as forças liberais aqui resistiram ao prolongado cerco das tropas miguelistas, os franceses de Napoleão, ainda que por pouco tempo, ocuparam o Porto, saqueando e prendendo. E aqui, na falsa Invicta, plena de imóveis degradados que pedem restauro, o verão em greve, o verão a dar uma trégua, a temperatura amena, o céu cinzento, a chuva miudinha a refrescar os turistas que abundam.

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Finalmente

Finalmente, não o acanhado bar Finalmente em Lisboa onde homossexuais se seduzem, se acarinham e aplaudem travestis que simulam cantar, finalmente advérbio, que era hora de encontrar um sítio na internet inteiramente dedicado ao professor Salazar, ao tenebroso Salazar, incontroversamente co-responsável por indeléveis asneiras como o saneamento financeiro do Estado, a neutralidade portuguesa na II guerra mundial, a industrialização do País, o desenvolvimento económico do Ultramar. A página, que parece merecer consulta demorada, é http://www.oliveirasalazar.org

Idiota

Dada a passageira incapacidade de escrever por mim próprio, socorro-me de um americano citado por Tom Wolfe, no seu muito legível Hooking Up. Disse o americano, a propósito dos intelectuais, daqueles intelectuais que teimam em opinar sobre tudo, especialmente sobre aquilo que ignoram ou conhecem mal; daqueles intelectuais que, munidos da superficialidade maniqueísta, vomitam incessantes sentenças; daqueles intelectuais cuja hipocrisia é a mais clara prova da sua desonestidade intelectual, o seguinte: " A indignação moral é uma técnica utilizada para conferir dignidade ao idiota".

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

O valor da vida humana

Um cidadão brasileiro, transsexual, portador do vírus da sida, que vivia na rua, foi brutalmente espancado por um bando de menores, que depois das reiteradas e conscienciosas agressões, decidiu atirar a sua vítima para o fosso de um prédio. Como o brasileiro morreu de afogamento e as lesões provocadas pelas bestinhas não foram fatais, o Tribunal de Família e Menores do Porto, que deu como provado o "desprezo pela vida humana" dos criminosos, condenou-os a penas de 11 e 13 meses de internamento em centros ditos educativos. O que é uma injustiça e macula a reputação da nossa admirável Justiça : porque os jovens divertiram-se enquanto batiam e o brasileiro tinha o dever de se manter vivo, nadando, boiando, saindo do fosso. Ter sido atirado inanimado para o fosso é uma irrelevância.