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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O médico que mata o poeta

Os OCS noticiam que o "fundador e líder da Assistência Médica Internacional, o médico Fernando Nobre, vai candidatar-se à Presidência da República."
Parece-me bem. A República faz 100 anos e exibe naturais e notórios problemas de saúde. Se eleito, espero que tenha mais sucesso que António José de Almeida, também médico, Presidente entre 1919 e 1923, que muito se terá cansado com os sucessivos governos que era obrigado a sancionar e muito se assustou com o assassinato do chefe do governo António Granjo, morto, com "extremos requintes de crueldade", pela soldadesca bestializada, no Arsenal da Marinha em 19 de Outubro de 1921.
Retomo o fio à meada. A notícia é-me simpática por este simples motivo: prejudica o poeta-deputado Alegre, que triste criatura sempre me pareceu, um moralista egocêntrico que nos massacra com a retórica da "esquerda", ai o que seria do mundo se não fosse a superioridade moral da esquerda, ai a esquerda que é tão generosa, tão promotora da igualdade, tão optimista e tão amiga dos desfavorecidos, que é misterioso como este regime de esquerda com 35 anos de existencia tolera 2 milhões de pobres; uma criatura que teve o desplante de se declarar patriota e de dizer querer "servir Portugal" como Presidente e que fugiu de Coimbra, onde tinha residência fixa por condenação judicial, para se "exilar" em Argel, esmerando-se aí a atacar na rádio o "colonialismo do governo fascista" precisamente quando Portugal começava, a sério e em profundidade, a tratar dignidade as populações africanas, exilado logo em Argel, para satisfação do governo argelino, que apoiava com dinheiro e armas os guerrilheiros que matavam soldados portugueses em Angola; e por prejudicar os objectivos deste senhor, agrada-me que o médico Fernando Nobre entre na disputa eleitoral.

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Venezia



















No final de Novembro fui a Veneza, acompanhado pela minha mimada namorada que prefere não mostrar a cara. A cidade é famosissíma. Hoje já não distribui especiarias e produtos orientais pela Europa, hoje é massivamente visitada por orientais. É um museu vivo, que combina majestosidade e decadência, explorando lucrativamente o passado em lojas que não têm fim. É uma obscenidade estética, de tão esmagadora. Os portugueses minaram-lhe o comércio, os franceses invadiram-na sem custo, os austríacos acenderam-lhe a nostalgia. Hoje, são todos satisfeitos clientes.

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Ficou-se

Ouvi e li, há poucos dias, Pires de Lima e Marcelo Rebelo de Sousa, chamarem, respectivamente, "ladrão de feira" e "mentiroso" a José Sócrates. Normalmente, tais apreciações seriam consideradas ofensas, difamações, passíveis de punição e reparação judiciais. Mas, eis a surpresa, o vaidoso visado não reagiu. O Primeiro-Ministro, talvez por achar desfasado o Código Penal, talvez por generoso entendimento da liberdade de expressão, talvez por cristã disposição para perdoar a quem o ofende, talvez por não confiar na eficiência do sistema judicial, ficou-se. Ou talvez, segreda-me judiciosamente o meu cão, o "chefe" receasse que os processos que não quis desencadear fariam prova das imputações.

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